quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Entrevista com Brizola

A velha rosa vermelha, símbolo do velho trabalhismo dos tempos de Vargas e Jango, ainda brilha. No céu eles juntamente com o recém chegado Brizola deitam e rolam. Os anjinhos andam em polvorosa, muitos santos já simpatizam com o ideário do Partido Trabalhista Celeste (PTC). A situação está tão grave que alguns analistas dizem que é questão de tempo até Deus ser desbancado de seu trono. Desde o grande expurgo dos comunistas depois da chegada de Stálin não havia ameaça real ao reinado celeste, E o nosso leão de Carazinho está lá, sendo um dos principais articuladores. A confusão é tamanha que, mesmo com a rígida política anti-migratória do Céu, conseguimos infiltrar nosso repórter lá e o resultado é essa esplendida entrevista.
Brancaleone. Dr. Brizola, o que mudou com sua chegada aqui no Céu?
Brizola. Além de recuperar o vigor da juventude, pude rever vários amigos que tinham se ido. E como sou de não ficar parado resolvi me engajar na luta por um Céu melhor para se viver a eternidade.
Branca. Mas o que o trabalhismo celeste defende?
Brizola. Defendemos fundamentalmente a democracia, é inadmissível que uma ser só (Deus) governe isso aqui por toda a eternidade. Exigimos um regime republicano com eleições diretas para presidente e congresso independente. Desde os tempo de Adão e Eva continua tudo do mesmo jeito. Queremos inovar, o Céu não pode passar incólume a todos os avanços tecnológicos terrenos. Menos monotonia e mais interação com outros ambientes, nossa primeira medida será firmar um acordo de cooperação com o inferno e legalizar a interação com o mundo terreno. É inadmissível que cada vez que queremos ver alguém vivo precisamos nos transverter em fantasmas, é preciso legalizar essa prática que já é milenar.
Branca. Mas muitos outros já tentaram, e só o que conseguiram foram sua expulsão do Céu. Como vocês pretendem acabar com uma gestão que sobrevive intocada há milênios? E melhor, sem nenhum indício de corrupção.
Brizola. Não é bem assim, Deus teve sua confiança abalada quando se aliou com o Diabo no expurgo dos comunistas há 50 anos, desde aquela época alguns santos já se mostram desconfiados para com ele. Santo Agostinho e São Jorge já estão conosco e ao que tudo indica Madre Teresa filiar-se-á ao partido nos próximos dias. É verdade que as coisas ficaram mais difíceis com a chegada aqui do Roberto Marinho, mas nossa luta há de ser vitoriosa.
Branca. Como o senhor avalia a candidatura de Cristovam Buarque à presidência do Brasil pelo seu antigo partido, o PDT?
Brizola. Olha, lá embaixo as coisas não vão nada bem, mas não basta ser baixinho e gorducho para se comparar com o Getúlio, e além do mais seu passado petista o condena.
Branca. E o Lula? Com o senhor o vê?
Brizola. Aquele sapo barbudo não aprende mesmo, tentou puxar o saco da Globo e se lascou...
A entrevista acaba repentinamente. Somos obrigados a correr, pois uma horda de anjinhos armados até os dentes nos avistou e não queremos correr o risco de passar o resto da eternidade no Céu.
Até a próxima!
Ih! Essa foi foda!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Esperança Vermelha

O quê você quer? O quê?
Luta! Mudança!
Mudar a vida!
Pois é! O quê?
Não é só mandato,
Partido, pra quê?
Luta, mudança!
Mudar a vida! O quê?
Caciques, patrões
não nos servem, pra quê?
não saímos das trincheiras,
ainda lutamos!
Pois é! Pra quê?
Nosso Partido!
O povo de novo
Pois é! O quê?
O sapato aperta
A criança chora
Pois é! O quê?
Há de chegar a nossa hora
Não há mais tempo,
tem que ser agora!
Partido, Pois é! O quê?
nosso sangue, Vermelho!
Força! Pra quê?
Trabalhadores no poder!
queremos todo, tudo! O quê?
Uma centelha só não basta,
A luta faz acontecer
Pois é! O quê?
Nossa luta é vermelha!
Nossa estrela é vermelha!
Não tem como ser diferente
Nossa Esperança também é Vermelha!

Verdade

Ela pode,
Pode tudo!
Cantar,
não para embalar o bebê!
Cozinhar,
não para esperar o marido!
Correr,
e não ter medo da chuva!
Olhar no espelho,
não para se maquiar!
Ela pode tudo
bater martelo,
trocar lâmpada,
e dar rosas aos porcos!
Já não precisa de seu ventre
Só de vento!

sábado, 13 de outubro de 2007

Lanceiros em Marcha

Lanceiros de hoje
Lutam contra a Guerra
Essa Guerra de Coqueiros
Que tem como arma o latifúndio
e a ignorância como escudo.
imensidão de exclusão!
Essa Guerra é muita terra
Essa terra quer mais semente,
bom trato,
mais gente!
Essa gente que marcha,
traz suas crianças
e muitas esperanças
pra transformar essa guerra em paz
reforma agrária!
É assim que se faz
na luta
terra pra toda essa gente
e não só pra um vivente!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Cotidiano

Ousadia e Prudência


Eu bebi uma dose,
queria outra.
Queria a outra
Você já não me bastava.
Muito tédio na TV
Nenhum livro pra ler
Não ouço mais nada
Ah! Essa realidade!
Só te peço,
não me deixa saudade.
E agora?
levanto a cabeça,
abaixo o medo,
Vivo a escolha,
E, entre ousadia e prudência...
fico com as duas,
bebo umas,
e deixo você!

Parceria com Chico Buarque. Escrevi isso ouvindo Cotidiano, do Chico. Portanto seria muito egoísmo de minha parte não repartir a autoria com ele. Mas, ta feito, ta aí! E quem fez foi eu e o Chico!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O soneto das lágrimas doces

Quando a sensibilidade aflora,
abandona a razão
para fazer o injustificado,
seguir o impossível outrora

brotam nascentes na alma
que correm olhos abaixo
molhando, limpando
e afastando, porém, toda calma

quero nesses rios matar minha sede
não só porque o gosto me agrada
é meu ombro que ânsia ver-te

porque se tuas lágrimas são tão doces
não é sinal de imperfeição
decerto é o mel de que feito teu coração

Te recuerdo Amanda



Te Recuerdo Amanda
Texto y música de Víctor Jara
Canción-vals

Te recuerdo, Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.

La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no importaba nada,
ibas a encontarte con él.

Con él, con él, con él, con él.
Son cinco minutos. La vida es eterna en cinco minutos.
Suena la sirena. De vuelta al trabajo
y tœ caminando lo iluminas todo,
los cinco minutos te hacen florecer.

Te recuerdo, Amanda,
la calle mojada
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.

La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no importaba nada
ibas a encontrarte con él.

Con él, con él, con él, con él.
que partió a la sierra,
que nunca hizo daño. Que partió a la sierra,
y en cinco minutos quedó destrozado.
Suena la sirena, de vuelta al trabajo
muchos no volvieron, tampoco Manuel.

Te recuerdo, Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fábrica
donde trabajaba Manuel.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Carta a um velho, endereçada ao Sr. Capitalismo

Estás velho, muito velho!
As rugas marcam teu rosto,
dão certo teu tardio desfecho.
O moribundo não sabe sua hora,
a tua chegou.
É o começo do fim!
O passado se revela, toma corpo
e vem roubar-te o bem precioso.
Tua vida não vale muito,
tuas fezes mais.
Os anos não lhe passaram bem.
Teus feitos não foram gloriosos,
ao menos quis que fossem?
Tamanha mediocridade!
O medo te acompanha desde a juventude,
nunca ousou!
Teu antídoto predileto: a mentira, não serve mais.
Nem os tolos a suportam.
Os amigos não te foram fiéis,
Trapacearam. Eram como tu,
Hipócrita, repugnante e falsário!
Toda precaução, economia,
Servem-te agora?
As fugas? A pose?
A morte te espera!
Há de ser lenta e dolorida,
é o que te rogo!
Por ignorância ou pena,
uns pobres entes,
hão de velar teus restos.
Não te aflijas!
Apenas continue, siga o caminho.
O temor inspira ódio
e anima teus algozes.

Fim

Vejo que o fim está próximo,
coisas velhas, usadas, surradas,
nada de novo,
só os cabelos brancos...
rareando na tez calva.
Está acabando!
Vejo o sol se pôr.
Não há mais crianças na praça!
A escuridão esconde tudo.
Tudo o quê?
Já não existe nada!
Tudo acabou!